Uma entrevista com o GCM compromissado

Fiquei horas vendo o que agora são mais de 4800 pessoas discutindo a respeito do que aconteceu, do ocorrido e me veio a tona, por que não perguntar a um GCM que tem realmente o compromisso com o povo?

Alguns poderiam frisar o rosto, fazer caretas ou ironizar, pois é mesmo difícil entender o porque dessa busca, já que eles que foram os culpados…

Não estendendo o assunto, iremos direto ao ponto:

Eu: Houve recentemente um pega pega entre Skatistas e GCMs em São Paulo, na Praça Roosevelt que, certamente foi denunciado por moradores nos adornos da Praça, viram algo de errado.
Lendo seu livro, talvez buscando ajuda, deparei-me com o termo “adorno”  e resolvi escrever esta carta, por assim dizer. Eu, como disse antes, sou ciclista, pedalo pelas 7 cidades a noite, vejo coisas lindas, vejo coisas pobres e pelo menos faço o percurso de 26 Km ao menos 3 vezes por semana
Como estava falando antes, o caso da praça Roosevelt me chamou a atenção, sei que a internet hoje é forte, sei que ela espalha centenas de emails segundo e em redes sociais pode haver uma deturpação dos fatos quando se refere à Direitos Humanos, Dever de Estado, Democracia, Autocracia, etc..etc…
Gostaria de saber, qual sua avaliação do GCM, que não estava de farda, intimidou e incitou outros a ir contra ele, infringindo a lei, e sendo preso por erguer a voz contra um GCM. Da mesma forma, quero saber sua avaliação do Skatista abrangendo os dois casos estando em comum.

praça roosevelt

Fotos de Aguinaldo Melo: Pai e filho de skate na Praça Roosevelt

Outros jornais e revistas podem deturpar, mas este site não é comprado por nenhum partido, em nossa maioria, somos ciclistas, mas quando o irmão skate precisa de nossa ajuda, estamos sempre a dar uma mãozinha  http://vadebike.org/2013/01/praca-roosevelt-skatistas-gcm-video/

 Burato : Diante das imagens do vídeo pouca coisa se pode dizer. A truculência é visível, o descontrole emocional é flagrante, o que faz com que qualquer possível situação de legalidade na ação da GCM (neste caso) seja irrelevante. O problema, então, já não é mais a legalidade da intervenção, mas a maneira de se resolver os conflitos.

O vídeo, nesta data, já ultrapassa dois milhões de visitas, sendo assim, o GCM da inteligência (paisano) prestou um grande desserviço (em todos os sentidos).

 

Temos diversos problemas a analisar:

A praça é pública; o esporte e o lazer são direitos fundamentais e condição de cidadania, e contribui também para que os jovens tenham oportunidade de desenvolvimento e exercício da sociabilidade, além de diminuir a possibilidade de envolvimento com as drogas e com o crime e a presença da GCM nesses equipamentos públicos é para a garantia de direitos individuais e coletivos e, de certa forma, amenizar os problemas decorrentes dos conflitos que possam ocorrer nas relações entre os usuários dos espaços públicos (todos com seus direitos e responsabilidades).

Se falarmos que a praça é pública, que é do povo, então, quem deveria de fato determinar o que se pode ou não fazer na praça deveria ser o “público” e não a Administração Pública (que existe em função do público). Dessa forma, como há conflitos entre os interesses do próprio público, a Administração Pública representada por seus órgãos (neste caso a GCM), deveria agir de forma a garantir o direito de todos. Por essa razão, defendemos o controle popular dos espaços públicos.

 

Mas para além do direito há a necessidade. Falo da vulnerabilidade a que está sujeita a nossa juventude (drogas, violência e crime), vulnerabilidade que deveria ser muito bem trabalhada pelos governos (todos os níveis) para que fosse reduzida. A Praça em questão não foi reformada com vistas aos jovens, pois jovens não se aquietam em bancos de praças para conversas, não passeiam com seus filhinhos entre os jardins e não encontram prazer em admirar chafariz (nem sei se tem tudo isso lá). O que quero dizer é que os jovens precisam de espaço e condições para “queimarem suas energias”, para radicalizarem mesmo. Agora, já que a Prefeitura de São Paulo não foi capaz de prever isso, deveria, ao menos, garantir que uma parte dessa praça fosse utilizada pelos jovens sem que fossem molestados por outros frequentadores e sem que molestassem também, afinal, a praça é pública, é de todos. Precisamos de um conceito de espaço público que dê conta da complexidade das relações sociais e variados perfis dos usuários a fim de corresponder com as necessidades e contribuir com o desenvolvimento da juventude sem, contudo, anular ou esvaziar a possibilidade de interação entre as gerações.

Percebemos pela matéria disponibilizada no link que você divulgou que o guarda municipal já responde por outra ocorrência onde a situação foi resolvida pela truculência, mas em ambas as situações a solução do problema não cabia exatamente à GCM: Na primeira, no caso dos ambulantes, a Administração Pública tem o dever de resolver o problema por meio de articulação política, visto tratar-se de interesses de pequenos comerciantes (os ambulantes) e de grandes comerciantes (os lojistas), usar a GCM para reprimir a parte mais fraca é um dos absurdos que condenamos em qualquer governo; na segunda, no caso da Praça, o problema deveria ser encaminhado à Prefeitura para que fosse adequado o espaço necessário aos jovens e, enquanto isso, a eles deveria ser concedido o espaço provisório para suas atividades. O nosso problema é que as coisas têm que acontecer primeiro para depois se pensar em soluções, ou seja, dificilmente são previstos pelos gestores públicos os conflitos naturais entre as gerações, entre as classes sociais, entre as tendências etc.

Por essa razão lamentamos o fato. Como você deve ter verificado na leitura do livro, não apoiamos atitudes como a exibida no vídeo, seja lá qual for a causa, seja baseada na lei ou não, o que apoiamos é a ideia de que as GCMs sejam corporações capazes de assegurar o direito de todos por meio de ações preventivas, com espírito comunitário, onde o diálogo seja privilegiado em detrimento da força física e da repressão, pois o contrário disto já é muito bem feito por outros órgãos de segurança pública.

J.A.Burato

A ESPN BRASIL ainda responde com as palavras de Aguinaldo Melo que esteve lá:

Durante a mais de uma hora que fiquei no local nenhuma briga ou sequer discussão aconteceu. Era quase caótico o convívio de tantas pessoas diferentes no mesmo espaço, mas harmonioso.

Fotos de Aguinaldo Melo

patins

Aguinaldo Melo :Patins, pedestres, bikes de aro 26 e BMX, inclusive sakates em harmonia… até uma bolinha se joga por lá

malabares

Na parte baixa, malabares, artistas e muito esporte rolando

roosevelt e gcm

Fotos Aguinaldo Melo… É isso que queremos, Segurança Pública como Projeto Socioeducacional

Naquele momento pensei. Se proibirem o skate por aqui eles ainda terão outros problemas para resolver. Será que não seria melhor proibir os malabaristas, garotos de bicicleta, os shows musicais, jogar bola no local. Proibindo tudo isso talvez o local ficasse mais calmo. Mas afinal de contas qual é mesmo o objetivo de fazer uma praça?

Não podemos esquecer que o espaço público foi feito para todos os cidadãos. A praça foi feita para as pessoas se divertirem. Isso quer seja jogando bola, fazendo malabarismo, andando de skate ou simplesmente contemplando o espaço.

Como cidadãos precisamos usar o espaço público de forma consciente, respeitar sempre o espaço do próximo.

É por isso que eu peço ao Prefeito Haddad , para que lesse o Livro, com indicação do Prefeito da cidade de São Bernardo do Campo,  Luiz Marinho com o tema SEGURANÇA PÚBLICA COMO PROJETO SOCIOEDUCACIONAL   de Oséias Francisco da Silva e J. Burato

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Sobre saxmozartfaggi

Ciclista desde 1974, por gostar de ser ciclista, mas em minha cidade não era difícil percorrer 10 a 15km com montanhas que são predominantes, mas o único impecílio era a irresponsabilidade dos motoristas. Dá para se ir ao seu emprego de bike, basta apenas ter um pouquinho de tempo a mais e uma roupa para trocar. Muitos já trocaram o carro pela bike, por ser econômica, gasósa e academia, e por as vezes, serem melhores para estacionar e ir de um ponto a outro... isso é fato. Demoro 25min para chegar ao centro de SBC, mas depois que lá estou, qualquer caminho para mim é mais rápido do que um carro, menos perigoso que uma moto, isso é fato!
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